1.10.07

 

Coerência na Contradição



Mário Soares prossegue aos 83 anos a única coerência que sempre o notabilizou : a incoerência. Continua hoje como se nos revelou no PREC, há mais de trinta anos.

Desdiz agora o que afirmou há pedaço, com a maior das descontracções, com natural petulância e desfaçatez, mas habitualmente com a conivência dos mesmos, aqueles que rapidamente descobrem o argueiro no olho do seu semelhante, mas nunca se dão conta da trave que habita no seu.

A desgraça da eleição de Menezes no PSD passou a desgraça da falta de alternativa ao seu dilecto partido no Governo. Ele que até gostaria de ver um PSD forte e credível, para estimular o bem intencionado governo socrático, apostado, segundo a sua isenta opinião, em deixar obra feita, subentende-se que socialista, ao arrepio das correntes neo-liberais, financistas, penalizadoras das classes médias, como não se cansa de apostrofar nos outros líderes europeus e americanos.

Custa ver este homem, com idade para ser nosso pai e já avô de muitos eleitores nossos compatriotas, enredado em pataratices, obcecado com o seu permanente protagonismo político, quando poderia prestar bem melhor serviço ao País, escrevendo, com propósito honesto, as ricas memórias da sua longa e variada existência.

Tendo convivido com tanta gente ilustre e menos ilustre, tendo assistido e até protagonizado tantas peripécias políticas, nas mais extraordinárias circunstâncias, em lugar de nos brindar com esses relatos, como, de resto, múltiplas vezes nos prometeu, numa prática de coerência indesmentível, ei-lo que se afadiga em proporcionar-nos momentos de decepção e desafecto, com as contínuas trapalhadas políticas que persiste em criar.

Não haverá por aí uma alma caridosa em quem ele confie, que lhe faça o obséquio de um honesto conselho, de mera prudência e escorreito senso político, para seu e nosso sereníssimo bem ?

AV_Lisboa, 01 de Outubro de 2007

Comments:
Caro António Viriato

Este episódio tem o seu quê de útil. Serviu para mostrar que o PS preferia Marques Mendes na oposição. De tão inepto que ele era.
Mas este nervosismo mal disfarçado dos "socialistas", do qual A. Vitorino fez eco na sua entrevista semanal, sugere que L.F. Menezes não será tão mau como se pensava...
Caso não faça muitas asneiras, até admito que em 2009 eu vote nele.
 
A biografia do velho Marocas, pelo menos uma que seja verdadeira e completa, nunca será escrita por ele próprio. Terá de ser escrita por um autor independente e só daqui a muitos anos. Quando já não forem vivos nem ele nem os amigos e correligionários que com ele andaram metidos em negócios inconfessáveis. De outra forma acontecia ao livro o mesmo que aconteceu ao de Rui Mateus : nem sequer consta da base de dados das livrarias ! Experimentem perguntar...
Jorge Oliveira
 
Mário Soares, por detrás duma bonomia aparente, sempre se revelou cínico e de mau carácter. Mau perdedor, pouco democrata, nunca perderá uma oportunidade de pisar os seus adversários como fez à bandeira nacional, ainda em exílio.
Muitos lhe encontram obra para o considerar o maior político pós 25/Abr. Até pode ter sido, mas não pelos melhores motivos - a indigência em que vivemos, o atraso em relação à Europa, é tudo obra duma matriz socializante com que M.Soares marcou o país nestas ultimas 3 décadas. Ainda hoje não desistiu...
 
Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?